Compositor: Não Disponível
Já não há rosas
Na Rua das Roseiras
Já não há rosas
Elas morreram no verão
Era em pleno bairro do Marais
Uma rua em que formigava
A bela vida e sua fúria
Uma rua que cheirava
Ao arenque que era defumado
E à loucura dos sábios
Cantava-se um bom dia
Ria-se, gritava-se
Bom dia à maneira francesa
Um bom dia, um negócio
Um boa dia, uma miséria
Doce como um campo de morangos
A rua dos esquecidos
A rua dos emigrados
A rua dos reencontros
Do polaco ao romeno
Todos, com a agulha na mão
Labutavam para sua meninada
É preciso ser engenhoso
Para guarnecer com cominho
O pão preto, as aves
Mais um belo verão
Um mês de liberdade
Antes que tudo saia dos trilhos
Uma estrela no casaco
Não é uma prisão
Talvez falta de sorte
É preciso ser lógico
O alemão é a música
É a última chance
Quando chega a manhã
Não há alarme
Batem à porta
Na rua dos caminhões
Apertados como lanternas
São usadas estrelas
Um pouco mais, a cada noite
Outras vidas que fogem
Abriam todas as portas
Qual é, então, à luz do dia
Esse deserto sem contornos
Qual é essa rua morta?
Era em pleno bairro do Marais
Um povo que formigava
Um povo de crianças bem-comportadas
Uma rua que bramia
Uma rua que cantava
A esperança como a tempestade
Já não há rosas
Na Rua das Roseiras
Já não há rosas
Elas morreram no verão
Que voltem as rosas
À Rua das Roseiras
Que floresçam as rosas
Nas antigas roseiras!